Análise do Mercado Financeiro: Dólar em Queda e Expectativas para Decisões de Juros
Na segunda-feira, 16 de setembro, o dólar fechou em queda de 1,01%, cotado a R$ 5,509. O movimento ocorre com os investidores aguardando as próximas decisões sobre juros no Brasil e nos Estados Unidos. A moeda americana enfrentou uma desvalorização global, impulsionada pela expectativa de que o Federal Reserve (Fed) inicie um ciclo de afrouxamento monetário.
O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo, registrou uma leve alta de 0,14%, encerrando o pregão aos 135.072 pontos. Esse desempenho positivo foi sustentado pelo avanço das ações da Petrobras, que compensaram as perdas de Embraer e Vale.
A atenção dos investidores está voltada para a “super quarta” desta semana, marcada para o dia 18 de setembro. Neste dia, tanto o Banco Central do Brasil (BCB) quanto o Fed anunciarão suas decisões sobre a taxa de juros. As reuniões começarão na terça-feira, 17 de setembro.
Expectativas para as Decisões de Juros
No Brasil, espera-se que o Comitê de Política Monetária (Copom) aumente a Selic para 10,75%, representando um ajuste de 0,25 ponto percentual. Em contraste, nos Estados Unidos, a expectativa é de um possível corte na taxa de juros, embora não haja consenso sobre o tamanho dessa redução.
Recentemente, o cenário para o Fed se tornou mais incerto. Até a última quinta-feira, as apostas majoritárias apontavam para uma redução de 0,25 ponto percentual. No entanto, a declaração de Bill Dudley, ex-presidente do Fed de Nova York, sobre a possibilidade de um corte maior, juntamente com as análises da mídia, aumentou a especulação sobre um possível corte de 0,50 ponto percentual. Atualmente, a ferramenta FedWatch indica que há 37% de chance de uma redução menor e 63% de chance de um corte mais significativo.
Desde que Jerome Powell, presidente do Fed, sinalizou a possibilidade de redução da taxa, o comportamento dos mercados tem sido influenciado pelas incertezas sobre a magnitude dos cortes. A taxa americana está entre 5,25% e 5,50%, o mais alto em duas décadas, e qualquer ajuste representará o primeiro corte do Fed em mais de quatro anos.
O Fed segue um mandato duplo, focando em inflação e emprego para suas decisões sobre juros. O objetivo é alcançar um “pouso suave”, onde a inflação se ajusta à meta sem causar grandes danos ao mercado de trabalho. Um corte de 0,50 ponto percentual permitiria ao Fed normalizar os custos de empréstimos mais rapidamente, estimulando a economia e protegendo o mercado de trabalho.
Impactos no Dólar e no Real
O dólar tende a se depreciar quando os juros nos EUA caem, pois os rendimentos dos ativos de renda fixa americana diminuem, levando investidores a buscar oportunidades em mercados emergentes e ações. No Brasil, o possível aumento da Selic também é um fator relevante.
Na reunião de julho, o Copom manteve a Selic em 10,50% ao ano pela segunda vez consecutiva. No entanto, os dirigentes do Banco Central indicaram que novas elevações são possíveis para controlar a inflação, caso necessário. A meta de inflação definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) é de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual.
Os analistas esperam um aumento de 0,25 ponto percentual na Selic nesta reunião, com base em dados que indicam uma economia brasileira aquecida e pressões inflacionárias persistentes. Mesmo com uma leve queda no IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) em agosto, a inflação acumulada no ano é de 4,24%, abaixo do teto da meta do Banco Central.
Com juros mais altos no Brasil e mais baixos nos Estados Unidos, o real se torna mais atraente para investimentos de “carry trade”, onde investidores buscam aproveitar a diferença de taxas de juros entre os países.
Desempenho Corporativo
No setor corporativo, as ações preferenciais e ordinárias da Petrobras subiram 1,41% e 0,86%, respectivamente, beneficiadas pela alta no preço do petróleo. Essas valorizações ajudaram a mitigar as perdas das ações da Embraer, que caiu 5,58% devido à conclusão do acordo com a Boeing.
Por outro lado, a Azul disparou 11,11% após confirmar negociações com arrendadores de aeronaves para uma potencial troca de dívida por participação societária, ampliando os ganhos registrados na sexta-feira anterior.
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Com Reuters.